Márcio Vasconcelos

Trabalhador gráfico, dirigente sindical e ativista politico.  Funcionário da Ed. Abril a 22 anos, atuou na pre-impressão onde foi cipeiro, juntamente com outros companheiros ajudou a implantar uma das primeiras comissões para negociação da PLR- Participação nos Lucros ou Resultados, que logo tornou-se  comissão de fabrica.

Durante o tempo que estive atuando dentro da empresa, minha experiencia mais interessante foi o mandato de cipeiro, foi a luta mais dura que tive. Onde aprendi muito e serviu-me depois na condição de Sindicalista.

Aprendi que a maior dificuldade de um trabalhandor membro da CIPA- comissão interna para prevenção de acidentes é estar sozinho na sua luta contra um inimigo que na maioria das vezes não está interessada em resolver problemas até porque a maioria dos problemas nas empresas que crescem  sem planejamento é estrutural e evitar acidente custa investimento, não é da cultura do empresariado, pensar a produção com conforto ao trabalhador. existe uma cultura geral que o trabalho operário é quase um castigo.

pra começar, legislação de segurança do trabalho é falha, e sua principal deficiencia é a falta de conhecimento pelos trabalhadores destas. A lei diz que a empresa tenha  um funcionário de nível técnico ou conforme o tamanho da empresa, um engenheiro, com especialização em segurança do trabalho, remunerado pela própria empresa e esta é a tragédia. O técnico ou engenheiro de segurança tem o conhecimento necessário para adequar a empresa, a condições seguras e confortaveis para produção. Porem, esta não é em geral a preocupação da empresa.

Quando ocorre um acidente no local de trabalho, o unico custo para a empresa são somente os primeiros quinze dias do afastamento do trabalhador da produção, se este ficar um ano sem poder trabalhar em razão do acidente. Todo o tempo restante é de responsabilidade do Estado. Logo o ideal seria que os tecnicos e engenheiros de segurança estivessem ligados ao estado e não a empresa.

Resta ainda o fato de que o operário, o trabalhador que entra em contato direto com as situações de risco, não tem uma orientação especifica de prevenção. Seu único suporte é o cipeiro titular que é eleito pelo voto direto dos outros trabalhadores e tem a função de representação, junto a empresa e conforme a lei deve  pleitear as condições de trabalho adequadas, este depois de eleito faz apenas um curso básico de no máximo 60 horas. Goza de estabilidade de um ano, podendo ainda, ser reeleito para mais um mandato.

A Editara Abril é uma empresa de revistas e seus equipamentos são voltados para grandes tiragens ela usa o processo de rotogravura. As impressoras são maquinas monstruosas, cada uma das quatro cores básicas, esta estruturada em um elemento individual, que é composto de tinteiro, cilindros de cobre que pesam uma ou mais toneladas com dois metros de comprimento, usados para transferência da imagem gravada em baixo relevo. No total são oito elementos, quatro cores frente e quatro cores verso.

Há dez anos é dirigente no Sindicato dos Gráficos de São Paulo, sendo que como presidente da entidade nos ultimos quatro anos e seis meses.

Continua…